O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu um alerta contundente sobre os riscos associados à cirurgia de mudança da cor dos olhos, um procedimento intrusivo que utiliza pigmentação para alterar permanentemente a coloração da córnea. Destacando a importância de uma abordagem cautelosa, o CBO ressalta que essa técnica, conhecida como ceratopigmentação ou “tatuagem da córnea”, deve ser realizada apenas sob rigorosa recomendação médica, devido aos seus resultados irreversíveis e potenciais complicações.
A preocupação do CBO surgiu em resposta a publicações em redes sociais, onde indivíduos afirmam ter se submetido à ceratopigmentação por motivos puramente estéticos. No entanto, o conselho destaca que esse procedimento é geralmente indicado para pacientes com cegueira permanente, buscando recuperar a aparência de um olho normal. Os problemas resultantes do uso inadequado incluem lesões persistentes na córnea, que podem levar à perfuração do olho, infecções graves (até no interior do olho) e aumento da pressão intraocular.
Pacientes que passaram pela ceratopigmentação relatam dificuldade de visão, dor nos olhos, ardor, sensação de areia, aversão à luz e lacrimejamento persistente. Tais sintomas podem levar a uma redução da visão, seja na periferia ou no centro, e, em casos extremos, à cegueira permanente.
A ceratopigmentação envolve a implantação de micropigmentos coloridos nas camadas internas da córnea, destinada principalmente ao tratamento de manchas brancas em pacientes cegos. No entanto, a técnica levanta preocupações significativas sobre os riscos a longo prazo, incluindo infeções e inflamações oculares, bem como a interferência com exames oftalmológicos futuros.
Embora tenha ganhado destaque nas redes sociais após uma brasileira afirmar ter realizado a cirurgia na Suíça, tanto o CBO quanto o Conselho Federal de Medicina (CFM) desaconselham seu uso para fins estéticos em pacientes saudáveis no Brasil. A cirurgiã oftalmologista Juliana Feijó Santos esclarece que a ceratopigmentação é recomendada apenas para casos específicos de cegueira e não deve ser aplicada para modificar a coloração escleral (parte branca do olho).
Em termos de biossegurança, a cirurgia só deve ser realizada em um ambiente com cuidados apropriados e acompanhamento pós-operatório, devido à natureza invasiva e de alto risco do procedimento. O CBO ressalta a importância de considerar cuidadosamente os riscos e discutir amplamente qualquer procedimento que impacte a saúde ocular com um médico oftalmologista.
Em contraposição, o uso de lentes de contato cosméticas é apontado como uma alternativa mais segura para aqueles que buscam mudar a cor dos olhos por motivos estéticos, mas mesmo essas devem ser utilizadas com supervisão oftalmológica adequada e práticas de higiene. A presidente do CBO, Wilma Lelis, enfatiza a importância de discutir qualquer medida que afete a saúde ocular com um médico oftalmologista para proteger a população de riscos desnecessários.
Fonte: Agência Brasil